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Local: Acampamento // Interação: --- // Status: A vida é muito irônica pra ser levada a sério. // Extra: Roupa
Não sabia ao certo o que fazer em primeiro momento. Mas se não voltaríamos ao castelo, teríamos tempo ainda para consolar uns aos outros e conversar sobre o ocorrido. Nenhum deles havia, jamais, presenciado algo parecido com isso. Será que seus pais sabiam que isso aconteceria?
Logo Enzo apareceu para tirá-lo dos devaneios e ele o ajudou a montar uma barraca a mais, para acomodar a todos melhor. Jason ainda iria insistir em dormir a céu aberto, mas se tivesse uma barraca sobrando, talvez ficaria dentro.
Assim que terminaram de montar a barraca, pediu licença e caminhou até as suas coisas, deixadas jazidas em frente a uma pedra grande. Esse era o melhor momento para se alimentar e pensar sobre o assunto; se Faya não tivesse morrido, Jason provavelmente retornaria para o castelo no dia seguinte e procuraria Ayato para conversar sobre os testes e pediria para voltar para casa, afinal, Ayume também era a filha mais velha que estava participando de tudo, não achava tão necessário a sua presença ali.
Discretamente, apanhou de sua bolsa uma bolsa de sangue e caminhou mais para dentro da floresta. Ele preferiria caçar enquanto todos estivessem dormindo, mas agora não estava mais com ânimo para isso. Nem se sentia muito bem também, ouvindo os sons dos animais da floresta, uma bolsa de sangue parecia pouco para ele, as veias saltavam de seu rosto como se tivessem vontade própria e seus olhos ainda estavam vermelhos quando viu uma cena.
Jason jogou a bolsa de sangue no chão, vazia, que caiu sobre a grama sem fazer quase barulho. Ele fitou fios vermelhos de cabelo não muito distantes dali e logo percebeu que se tratava de Ayume. No momento em que virou a cabeça para olhar de longe o acampamento e se virou novamente para ela, em frente à cachoeira, viu toda a cena se desenrolar diante de seus olhos. Não sabia mesmo o que estava acontecendo, até porque duvidava que a menina que o abraçara no dia em que os humanos chegaram ao castelo pedindo por controle, iria tirar a própria vida.
Mas antes que pudesse fazer algo, Percy havia chegado para carregar Ayume de volta para o acampamento. E claro, que foi correndo atrás. Retirou um lenço branco do bolso dianteiro da jaqueta para limpar o canto dos lábios enquanto se aproximava lentamente... Mesmo depois de se alimentar, sua garganta estava seca e olhar os humanos em volta era uma tentação pela primeira vez. Respirou fundo para recuperar o controle, alguma coisa estava muito errada ali... O mais sensato era acreditar que alguém estava provocando tudo aquilo e deveriam descobrir logo, antes que começassem a correr riscos, não só os vampiros, mas os humanos também.
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Ficou alguns minutos petrificado ainda, em silêncio, tentando decifrar o que tinha acontecido. Não sabia exatamente como era perder alguém, porém duas experiências no mesmo dia não era uma boa coisa.
Esperou pacientemente até, que Alice se despedisse de Ayume, se é que aquilo era uma despedida. Mas nunca a tinha visto chorar antes, pelo menos no tempo em que morava no castelo. Assim que ela se levantou, Jason se abaixou aos poucos, com o cenho franzido.
- Ayume... - ele sussurrou e esperou, colocando as mãos na grama macia - Ei... Você sempre me respondia quando eu te chamava...
Ele olhou incomodado em volta, engolindo em seco, logo em seguida direcionando o olhar para o corte em seu pescoço e para o rosto, com os olhos fechados.
- Ayume, pára de brincadeira, eu estou falando sério.
Ele continuava esperando pacientemente, com algumas gramas mais endurecidas espetando a palma da mão e o olhar fixo no rosto dela. Eram vampiros, não podiam morrer assim... Como ele estava do lado esquerdo dela, ele se apoiou sobre os calcanhares e pegou em sua mão delicadamente, como se ela pudesse sentir e a estivesse reconfortando de algo.
- Eu vi o que aconteceu, o que fez... Mas está tudo bem, não tem problema, eu sei que não foi você, não faria isso com você. - ele começava a falar sem parar e baixinho, como se fosse só para ela ouvir.
No momento em que ele viu que realmente não respondia, os olhos do loiro ficaram mais enevoados e cinzas, pareciam tristes e pesados. Jason sentou-se na grama ainda segurando na mão dela e deixou que lágrimas quentes saíssem sem sua permissão, molhando o seu rosto. Com o braço livre, o passou por baixo do pescoço para amparar o seu ombro e levantá-la um pouco, até acomodá-la um pouco em seu colo. Preferia mil vezes que ela o abraçasse no impulso, como era de costume, do que estar ali, sem reação e não mostrando nenhum sinal de vida.
- Escuta... - ele limpou algumas lágrimas antes de lhe dar um beijo na testa - Eu te prometo que isso não vai ficar assim, quem quer que tenha feito isso vai pagar muito caro, porque ninguém mexe com a minha família.
Ele não queria sair do lado dela, mas parecia um pouco fora de si, sua expressão era um misto de tristeza, seriedade, confusão e raiva. Nem percebia que ainda chorava, mas evitava olhar para qualquer humano, para não descontar a sua frustração e raiva nele. Sua vontade mais era curar aquele corte e fazê-la voltar à vida, afinal, se sentia responsável por ser mais velho e não iria deixar que coisas assim acontecessem diante de seus olhos.
A colocou de volta, cuidadosamente e carinhosamente na grama. Apanhou um dos lenços de seda branco e o dobrou, para o colocar sobre o corte no pescoço, assim sua aparência permaneceria intocada e imaculada.
Última modificação feita por Massie (21-02-2016, às 01h04)