Navin Sallacieri
Casta: 2
Team: Aspan
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Excepcionalmente, este turno será escrito na 3ª pessoa devido à necessidade de incluir personagens exteriores
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Era um dia como qualquer outro na vida de Alberta Sallacieri, 32 anos, casada e professora de piano. No dia 26 de abril, como fazia todos os dias, vestiu seu casaquinho de crochê e caminhou pelo
jardim em direção à caixa de correspondência. Viu o envelope de papel timbrado, lacrado com o selo real. Em casa, abriu a carta e sorriu. Uma nova seleção para a escolha mais importante de Iléa
iria finalmente começar. Sua sobrinha, Martina Sallacieri, adotada como filha após a morte de sua querida irmã e cunhado, tinha a idade para participar da seleção, mas estava noiva de um bom rapaz,
um advogado que a amava muito. Ela dobrou a carta com cuidado e guardou na bolsa, que estava arrumada para encontrar uma aluna muito especial: Navin Augustine. De repente, lembrou-se que Navin iria
ficar algum tempo sem as aulas, pois certamente iria participar da seleção, pois atendia a todos os requisitos que uma princesa deveria ter: beleza, classe, educação e inteligência.
Alberta chegou na Mansão dos Augustine, foi friamente recebida pelo mordomo, como sempre. Dirigiu-se ao quarto de Navin onde a encontrou vestida e arrumada impecavelmente, ensaiando as canções da
aula passada no piano. Alberta aplaudiu.
Navin levantou-se do banquinho, gracioso e elegante e a abraçou.
- Como vai, professora? - perguntou, sorrindo.
- Muito bem, muito bem. Já lhe entregaram a correspondência de hoje?
- Não... - respondeu, confuso com a pergunta.
Alberta tirou a carta da bolsa e sacudiu no ar - Seleção!
- Seleção? Que seleção? Ah... sim... lembrei. - disse, pouco entusiasmado - a professora estava se referindo à escolha das princesas.
Alberta olhou para Navin boquiaberta:
- Eu não acredito que seus pais não vão lhe deixar participar, Navin!
- Eles não tem culpa... a realeza não mandaria carta para uma garota doente - despitou.
- Ah, que doente o quê? você não tem nada! Desde que lhe conheço, há 8 anos, você nunca tossiu!
- Alberta, deixe isso pra lá, eu...
- Não, não, não! - disse, inconformada. - Veja... minha sobrinha Martina não vai se inscrever porque ela está noiva. A carta é nominal à família, não especificamente nominal à jovem solteira, você
pode levar a carta e se inscrever como minha sobrinha!
O coração de Navin saltou do peito. Aquilo era a maior loucura que já lhe aconteceu. Pela primeira vez teria a oportunidade de vivenciar o mundo real, sentia um pouco de medo de aceitar.
- Alberta, não sei se devo... meus pais podem se zangar.
- Pelo menos se inscreva. Você tem este direito. Você merece. - disse ela acariciando o rosto delicado de sua aluna, pois a considerava como uma irmã, uma sobrinha.
Navin pegou a carta e falou: - Está bem! vou me inscrever! Você me ajuda a sair de casa sem que o mordomo veja? - implorou juntando as mãos em oração.
- Claro!! Vamos fazer uma corda com lençois! Como nos romances dos livros!
- Isso! boa idéia. E quando a corda estiver pronta, por favor, dê um jeito de soltar os cachorros, o Mordomo vai correr atrás deles pelo outro lado da propriedade.
- Vamos logo, temos só uma hora de aula!
Elas providenciaram os lençóis e amarraram um no outro. Alberta se surpreendeu como Navin era forte para fazer os nós. Nunca iriam soltar.
- Agora, com cuidado, desça pela janela.
Navin se agarrou na corda e rapidamente estava nos fundos do quintal. Ele sabia como chegar ao Departamento de Serviços Provinciais, que ficava a cinco quadras dali. E foi correndo bem depressa.
Faltando poucos metros para chegar, retardou o passo, seu coração começou a acelerar quando viu movimento de algumas jovens e suas mães. De cabeça baixa e segurando sua bolsinha branca de renda
junto ao peito, ele passou por algumas meninas. Uma delas tocou seu ombro o que o fez dar um salto!
A jovem lhe sorriu e desejou boa sorte. - Navin sorriu e sentiu lágrimas nos olhos diante de alguma simpatia e aceitação.
- O-obrigad...a! Boa sorte à você! Boa sorte! ele disse, segurando uma mão da garota entre as suas, tentando imaginar se sua voz era suficientemente boa para que não despertasse desconfiança, mas
sua voz não era masculina, era uma voz diferente, apenas.
A garota, muito gentil, ainda avisou que sua franja estava com leve desalinho. Navin procurou um espelhinho na bolsa e não encontrou. A menina emprestou-lhe o espelho e ela escovou a franja até
ficar impecável.
- Você é muito alta e bonita! - a jovem elogiou.
Navin sentiu suas faces ruborizarem e devolveu o sorriso. Sentia-se confiante para a inscrição após a ajuda daquele doce anjo.
Quando chegou sua vez na fila para inscrever-se, entregou a carta e preencheu o formulário, tomando cuidado para escrever o sobrenome correto: Sallacieri. Depois foi fotografada:
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Depois, voltou para casa correndo e ao chegar debaixo da sua janela, imitou o assovio de um pássaro, que era o sinal para Alberta lhe jogar a corda. Subiu com habilidade.
Alberta mal podia esperar pelas novidades:
- E então?? conte-me, conte-me!!
- Fiz a incrição!
As duas se abraçaram e logo se despediram pois a aula já havia ultrapassado o tempo previsto.
Naquela noite Navin nem dormiu, aquele havia sido o dia mais emocionante da sua vida. Não rezou para ser selecionada, apenas rezou para que a doce menina da fila fosse a escolhida de um dos
príncipes, pois certamente merecia, não era egoísta e faria qualquer rapaz muito feliz.
Nos dias que seguiram, Navin cuidou da pele, do cabelo, não que tivesse esperança, pois sua altura podia atrapalhar a escolha, afinal, que príncipe iria querer dançar com uma candidata quase do seu
tamanho? Ele riu e depois engoliu o riso ao perceber a dimensão daquele louco sonho: teria que dançar com um homem. E aquilo não lhe deixava muito confortável, pois apesar de se considerar menina, agir como menina, casar ou ter um namorado era algo que lhe assustava muito, algo que não passava pela sua cabeça!
"Ah, bem... quando chegar a hora de conhecer o príncipe Aspan, eu o tratarei gentil e educadamente, sem lhe dar esperança alguma. Assim serei desclassificada!" - pensou, satisfeita com seus planos.
Dia 10 de maio, todas os televisores estariam ligados para assistir a revelação das escolhidas, menos a dela! Seus pais não poderiam descobrir sua travessura e iria ser projudicial também para Alberta. Apesar da ansiedade e curiosidade, iria esperar o assovio do pássaro que Alberta enviaria debaixo da sua janela, caso fosse selecionada.
No horário do jantar, Navin encontrou os pais a frente da TV, sem muito entusiasmo. Então ela desligou a TV e disse:
- Vocês não querem perder tempo com esta baboseira, não é? Querem escutar minha nova canção de piano?
Os pais assentiram e escutaram a canção que Navin tocava muito bem no piano. Depois jantaram e se recolheram algum tempo depois.
No quarto, Navin caminhava para lá e para cá, sem paradeiro, até que escutou o assovio do pássaro e correu para a janela onde viu Alberta pular e lhe acenar! Navn colocou as duas mãos na boca para não gritar e correu para frente do espelho, sem acreditar que havia sido selecionada dentre tantas moças belas!
- Minha nossa! Eu fui selecionada! E agora? O que vai ser de mim? E se descobrirem meu segredo? E se o concurso for anulado por causa disso? Medo! Medo! E se expulsarem minha família de Iléa? E se o príncipe quiser me matar? Oh Meu Deus!! Meu Deus! Cuide de mim, amém! Estou muito feliz!
Última modificação feita por Biblyn (03-08-2015, às 19h22)